terça-feira, 2 de julho de 2013

Instantes! Era uma vez ....


Certa noite dois antigos conhecidos, que até então eram novos desconhecidos, resolveram encontrar-se.

Era uma noite confusa em uma data atormentada composta por duas mentes mexidas com sensações afloradas.
Começou com um olhar intenso e inocente em que foi se aproximando, fixamente, e se fez real em um longo abraço. Abraço que transportou dezenas de anos em poucos instantes.

Dentre todo o ato houve um instante transcendente...

O Bar...

Ex-habitat natural que por muitas noites e em vários momentos foram repletos de centenas de lembranças. Tanto pelo local físico, comida típica, as bebidas bem como o estilo todo de ser. Obviamente estava bem diferente, exclusivamente, devido há minha percepção do que fui e do que sou e pior, do que serei. Uma lacuna temporal aonde se percebe a vida mudar. Fantástico! Um encantamento único e próprio aonde independe da companhia.
Nesse emaranhado de tremendas introspecções houve um aconchego. Reencontrei um mesmo garçom e amigo que manteve uma conexão e tranqüilidade com a realidade que ali vivi. Um pequeno elo estável entre o antes e agora que me trouxe ao tempo real. Tudo tão longe e tão perto.

O instante...
Entre variáveis e detalhes deste feito houve “o momento” em que me veio à mente escorrendo pelo corpo e imortalizado nesta escrita muito tempo depois.Hoje.

Momento muito breve...
Em que a existência do tempo ficou suspensa. Neste fragmento de segundos, entre a realidade e imaginação, criou-se um estágio dominado por um desalinho adorável de sentimentos como dúvidas, certezas e a intensificação da pulsação do incerto.

A Escada...
Era uma escada antiga de madeira com degraus meio desagradáveis que o passo já não se fez firme... Provavelmente pela emoção talvez a escada não fosse a desconecta ali.
Deveria ter uns 15 a 20 degraus já em minha imaginação e a sensação torna difícil enumerar a realidade da quantidade.

Começa a inusitada subida.
Eu na frente e o distinto, antes menino, hoje homem crescido, subindo no compasso dos meus passos. Percebi o calor do seu olhar delineando minhas formas.

Percebi...
Uma respiração agitada em manter-se estável ali. Percebi como que em cada passo nossos corpos fossem encaixando como tantas vezes já pensadas. Percebi que mesmo sem o contato físico houve uma sinergia entre os diferentes espécimes. Instinto animal aflorado. Percebi um suor aumentado no outro, mesmo sem olhar, só pelo aumento da temperatura próxima. Percebi naquela estreita e abafada escada um leve vento que trouxe o cheiro do encaixe. Tal cheiro que queria sentir. Entre tantos cheiros estava ali diferenciado e pleno. Mesmo podendo não ser. Senti como aquelas mãos, tão características, iriam tocar e deslizar por minhas curvas e entre idas e vindas chegariam ao meu pescoço e ali puxaria com gosto fazendo o encaixe físico que deveria ter sido há muitos anos. Passado? Ou não?

Senti...
A densidade e sincronia das respirações ofegantes que misturavam vontade e fuga. Senti a agonia de o que aconteceria ao terminar aquela escada?
Senti que era hora de perder esta maldiçoada compostura e bons modos compostos por medos advindos de tantas pancadas e primaveras vividas e virar novamente leve. Ali mesmo na escada! Expor meu desejo antes de dar o último passo dessa escada sem fim. E então a escada acabou... Cheguei ao topo. Ao meu topo e consequentemente neste texto e que tal passagem proporcionou deliciosamente descobertas e reavaliações do meu ser do além. Simples instantes descompassados no compasso da subida. Passos que trilhamos sozinhos e enfeitamos com companhias.

O fim dessa história ou estória não pertence a ninguém... A qual fica guardada pela imaginação.  Apenas instantes de uma escada sem fim.

Patricia Ulmann
02/07/2013 – 02:37

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